
Toquei três vezes. Sabia que este toque mais do que anunciar, me denunciava. O trinco deu sinal de que a entrada me era permitida. No cimo da escada somente a porta entreaberta me aguardava. Não era aqui que ela me esperava.
Na sala a sua silhueta chamava-me. Contagiava-me a sua calma e, como sempre fazia, limitava-se a contemplar-me enquanto me desfazia das roupas que me protegiam do frio de Dezembro. Aqui de nada me serviriam.
Não trocámos uma palavra. Não era preciso. O ritual perpetuava-se.
Deitei-me. Seu corpo esguiu somente então se moveu para se aproximar de mim. Senti quando se sentou a meu lado e ali permaneceu silenciosa.
Fui eu quem falou finalmente.
- Boa tarde Doutora.
E a consulta começou.